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Café da Manhã em Monte Verde

 

  Pegar a moto e rodar 180km para tomar um café da manhã na Serra da Mantiqueira. Onde está o principal propósito nisso? Em cima da moto. Puro prazer em pilotar em ótima companhia!

 

  As melhores decisões para fazermos viagens curtas – aquele “bate-e-volta” – surgem expontaneamente durante um bom papo quando estamos jogando conversa fora. Sabe aquele momento em que você lança um “e se fizéssemos tal coisa...?”. Pois bem, esses raros momentos são preciosos e tem que ser levados em consideração.

 

  Uns dois dias antes do passeio estávamos batendo um papo no clube quando surgiu o assunto do “café da manhã quase almoço”, o “brunch”, e do quanto um dos primos adora bacon com ovos. Ele também adora sua moto, e chegou a bolar uma espécie de “porta-luvas” preso  ao guidão para facilitar o acesso a pequenos objetos e ao trocado do pedágio, por exemplo – feito com uma daquelas vasilhas plásticas de utensílios de cozinha. Carinhosamente batizada “marmita”, mexíamos com o primo dizendo que qualquer dia ele estaria tomando seu café da manhã na moto a caminho do trabalho.

 

  A sorte estava lançada, e o litoral foi a primeira opção de destino que veio em mente. Mas, com esse calor, apontamos as motos para o lado da serra e o raio de 200km nos ajudou a escolher Monte Verde, em Minas Gerais, um dos melhores destinos para se visitar de moto, pela Serra da Mantiqueira.

 

  Com as máquinas recentemente revisadas, não tínhamos muito a preparar, exceto garantir que os indispensáveis intercomunicadores estariam com as baterias recarregadas, e a bomba portátil de ar compromido fosse embarcada no bauleto, junto ao kit de reparo de pneus.

 

  Sabe aquele momento em que você lança um “e se fizéssemos um ‘bate-e-volta’ para tomar um café da manhã em Monte Verde”?

 

  Era sábado, e pegamos a estrada bem cedinho logo depois de abastecer, calibrar os pneus e parear os intercomunicadores. O tempo estava perfeito e o céu azul nos convidava a acelerar pela Fernão Dias sequência da Dutra. É interessante como a referência de outra moto durante a pilotagem na estrada contribui muito para estabelecer um ritmo na viagem e de certa forma ajuda a abreviar o tempo enquanto alternamos o “líder” nas ultrapassagens.

 

   Sendo assim, os cerca de 100km percorridos até a saída para Camanducaia foram bem tranquilos, mantendo a média do limite de velocidade permitido. Logo que entramos na estradinha para Monte Verde – atravessando aquela precária ponte de madeira – é que percebemos a paisagem deslumbrante da Serra da Mantiqueira. Acelerar a moto em cada uma daquelas curvas nos revelava um novo vale, ou um gado pastando tranquilo, proporcionando um contato com a natureza muito bacana. A vontade que dava era parar para fotografar a toda hora, mas não há pontos de recuo na pista nem mirantes. Ainda assim, pudemos registrar bons momentos a bordo da garupa da GS.

 

  Duas horas depois da nossa partida estávamos cruzando o portal de Monte Verde. Aquele início da manhã na estrada nos abriu o apetite e estávamos prontos para desfrutar um delicioso café da manhã com pão de queijo típico mineiro. Curiosamente, ainda era cedo, e nos contentamos com o que encontramos aberto: “A Casa do Pão de Queijo”. Mas não nos arrependemos pois o atendimento foi “de primeira” e, entre os conhecidos pães de queijo, paninis e cafés e chás gelados, saboreamos aquele momento curtindo o início do movimento na avenida principal.      

 

    Pudemos ainda notar a preparação do pessoal que aluga as motos para passear pela região e curtir seus pontos mais altos. Ao sair do café, conversamos com uma das empresas, e soubemos que um dos responsáveis usa uma Honda Pop no dia a dia e pilota uma Kawasaki Versys nas horas de lazer.

 

  Para quem não tem a oportunidade de viajar com sua própria moto até Monte Verde, alugar uma por lá é uma boa opção. Lembro como se fosse ontem meu primeiro contato com uma Honda Falcon através de um desses passeios – quando decidi comprar uma para meu uso.

 

  Depois de passear pela avenida principal, provando alguns bons queijos e doces, e explorando o comércio local de jaquetas, botas e luvas de couro, percebemos que a chegada de uma tempestade nos forçou a ficar um pouco mais e almoçar. Nesse momento, estar sobre duas rodas nos dá a chance de exercitar o bom senso e praticar planos alternativos. Afinal, ter flexibilidade é fundamental quando se está no moto-turismo, pois não vale a pena nos arriscarmos expostos ao mau tempo.

 

  A lembrança do Restaurante Caipira veio de duas décadas atrás – seguimos direto para lá, na direção do aeroporto – sim, Monte Verde tem uma pista de pouso! Enquanto a chuva desabava lá fora, aproveitávamos da varanda o que há de melhor da calabresa à polenta – ouvindo a boa música caipira, e cantando junto!

 

  Depois da borrasca, era hora de pagar a conta e se despedir de Monte Verde. Antes de deixar a cidade, fizemos uma última parada para reabastecer e ainda saboreamos um café para pegar a estrada. O retorno foi igualmente maravilhoso – aproveitando  ângulos diferentes da serra. Voltamos para casa pensando na próxima viagem.

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